quinta-feira, setembro 19, 2013

Entrevista de Setembro/2013

REVISTA JORRES
ENTREVISTAS & CONQUISTAS

36ª Edição: Setembro/2013


MAURICIO DA GAMA MOURA

"A saudade é uma pessoa" Pe. Roberto Lettieri
Com essa frase, introduzimos uma das mais especiais edições da revista Entrevistas & Conquistas do Jorres. Maurício, o Camarão, a pessoa que se transformou em saudade no Jorres e eternidade junto à Deus. Dono de um grande carisma, se converteu à Deus e nunca mais o deixou, amando-o até o seu último olhar, até o seu último gesto. Só é possível ter saudade daquilo que foi bom, e é por isso que a família Jorres senti uma enorme saudade desse irmão. Junto com a família desse grande homem de Deus, vamos ler todo o roteiro da trajetória de vida do Mauricio e também todo o legado deixado por ele.
Venham!       



J: Quem era o Maurício?

Irmã: Ele era uma pessoa muito alegre, muito divertida, mas quando dava os “cinco minutos” dele, ele ficava no cantinho dele, tranquilo, quieto na dele. Se divertia muito com os amigos, não gostava de ficar parado. Em relação ao gosto musical, ele gostava de pagode, o negócio dele era pagode, a banda (Grupo Responsa), mas depois ele começou ir a Igreja e mudou tudo, deixou o pagode um pouco de lado, mas sempre que dava ele tocava o cavaquinho (chegou a tocar algumas vezes na missa) e o violão dele, não abandonou definitivamente o pagode, mas se ocupava mais das coisas da Igreja.

Pai: Pra que não o conhecia, ele era um “molecão”. Grandalhão, brincava com todo mundo, fazia graça com todo mundo.

Mãe: Era um menino muito bom. Gostava de ir ao cinema, ler livros, escutar músicas, andar de bicicleta, as vezes ia até pro trabalho de bicicleta.

J: Como era o Mauricio filho?

Mãe: Era bastante respeitoso, eu poderia falar o que quiser pra ele, que ele não me respondia, escutava e me perguntava: “Terminou?” e já saia sem responder. Era mais fácil ele chorar do que me responder. Costumava guardar os problemas pra ele, não partilhava muito, mas mãe sabe quando não está tudo normal com o filho. Pra descobrir eu acabava rodeando, rodeando até chegar ao momento em que eu queria perguntar o que estava acontecendo.  
Pai: Ele era um rapaz que a responsabilidade estava em primeiro lugar. Se eu mandasse ele pagar uma coisa pra mim e sobrasse 10 centavos, ele não usava sem me perguntar se podia usar, diferente do Maicon, que fala que, troco pra ele não existe (risos). A responsabilidade do Maurício era tão grande, que quando ele recebia o pagamento e sabia que tinha parcela de alguma coisa para pagar, ele deixava separado na carteira dele, mesmo que ele acabasse ficando sem 1 centavo. 

J: E como era o Mauricio como irmão? 

Irmã: Ele gostava de ensinar a gente. Tinha muita paciência, mesmo no período em que ele ficou internado, ele me ensinou algumas coisas sobre dirigir, pois eu estava tirando a habilitação nessa época - nós costumávamos guardar o carro atravessado e ele me explicava que não tinha segredo para deixar o carro daquele jeito, me falava direitinho como era e eu tentava colocar em prática e acabei conseguindo. Mesmo deitado na cama do hospital, ele sempre procurava ajudar a gente, ele era bastante companheiro é claro que nós brigávamos, como todo irmão, mas isso era normal. Desde pequeno ele gostava de ensinar, aprendeu a andar de bicicleta e logo em seguida me ensinou. Ensinou bastante o Maicon. Ele sentia muito ciúmes de mim (risos), mas um ciúmes de cuidado, de irmão mais velho. Enfim, um irmão amigo. 

J: Como foi a entrada do Maurício na Igreja? 

Mãe: Isso foi uma comédia, vocês nem imaginam (risos). O Junão e o Rogério (Tchera) convidou ele pra ir à Igreja e ele disse que não iria. Os meninos insistiram tanto, que um dia ele chegou aqui me perguntando: "Mãe, a senhora tem 20 reais?" Eu perguntei: "Para quê?" E ele me respondeu: "O pessoal falou que vai ter um encontro de jovens não sei onde, eu não quero ir, mas eles estão insistindo, quem sabe". Só sei dizer que ele acabou aceitando, mas as vagas tinham acabado e ele não se importou muito. No mesmo dia ele foi até a quadra da escola e não demorou muito ele chegou aqui dizendo que uma pessoa tinha desistido de ir e que ele iria. Ele me disse que além do dinheiro, precisaria de um terço, uma bíblia, uma mochila de roupas, mas que não sabia muito bem o que era o terço, a bíblia e eu acabei relembrando um pouco o que era e para que servia, já que ele não tinha o hábito de usar. Depois desse encontro, nunca mais ele saiu da Igreja. 

Irmã: Quando os meninos foram convidar ele, eles falaram que teria piscina, campo de futebol e ele ficou super empolgado. O Rogério acabou enganando ele (risos). Quando ele voltou, na mesma semana começou a frequentar a Igreja e não parou mais de ir. 

Mãe: Depois desse encontro, o Rogério acabou sofrendo um acidente de moto e pediu para o Mauricio ficar no lugar dele, cantando na Igreja, mas o Mauricio ficou com receio, falou que o Padre Carlos não aceitar e tal, mas o Rogério disse que falaria com a Nalva, coma Dona Lola e acabou convencendo ele. Todo mundo gostou e ele continuo cantando até o dia que acabou sofrendo o acidente. 

Pai: Depois do encontro, ele tinha uma grande vontade de cantar na Igreja, mas ele tinha um pouco de vergonha. 

Mãe: a "varinha de condão" foi o Rogério. Com o acidente, ele ficou um tempo fora e o Mauricio teve a oportunidade de começar. O Rogério queria que ele fosse.  

Pai: Quando ele estava dentro da Igreja, ele conseguiu trazer o Mizael para Igreja. Toda vez que o Mizael me encontra ele fala sobre isso. 

Mãe: Já dentro da Igreja, começou o projeto do sopão e algumas coisas da Igreja eram sagrada, o dízimo, a assinatura de uma revista da Canção Nova e uma contribuição que ele fazia para a TV Aparecida, além de algumas coisas que o sopão precisava. 

Pai: inclusive, as panelas do sopão, eu fui comprar com ele lá em Santo Amaro... trouxe um monte de panela, cada uma maior que a outra (risos). 

Mãe: Ele também tirava um tempo para visitar as crianças da casa do câncer. Fazia muitas coisas da Igreja na Paróquia, na Catedral e em outros lugares, acabava se dividindo em mil, mas dava um jeito. 

Pai: Era engraçado quando as vezes ele chegava um pouco "azedo" com o Pe. Carlos (risos). Quando a gente conversava, eu costumava falar para ele, que ele tinha muita paciência para aturar algumas coisas que acontecia, que acontece em todo lugar que tenha gente. 





J: Qual foi a importância do grupo de jovens na caminhada do Maurício? 

Mãe: Foi legal! Naquele tempo, os jovens eram todos da idade dele. Ele costumava falar que o grupo de jovens tinha que mudar bastante coisa para crescer, estabilizar, mas algumas coisas não dava pra mudar por falta de apoio e algumas outras coisas que ele guardava pra ele. Ele gostava muito do grupo de jovens. 

Irmã: O grupo de jovens foi importante pra ele. Ele participou de muitas coisas por intermédio do grupo de jovens. Todo o sábado era sagrado, ele poderia estar fazendo o que fosse, ele largava, se arrumava e ia para o grupo de jovens. Nós percebíamos que ele gostava.  

J: Quais momentos vocês acreditam ser os mais marcantes para o Mauricio dentro da Igreja?

Irmã: Olha, os momentos em que ele cantava, foram momentos marcantes pra ele. Fazer parte da liturgia, tocando e cantando nas missas. 

Mãe: Eu acredito que, o momento do meu casamento foi marcante pra ele. Eu e o pai dele eramos casados somente no civil, mas eu sempre tive vontade de casar na Igreja, mas o Pai dele não queria. Quando chegou o momento de batizar o Maicon, precisávamos casar na Igreja para poder batizá-lo e o Maurício ajudou a convencer o pai (risos). Nesse dia eu percebi que ele ficou muito feliz, ele não cantou, preferiu entrar comigo na Igreja. Além desse momento, teve uma vez que a Lurdinha (madrinha de Crisma do Maurício), preparou um bolo surpresa para o Maurício e chamou todo o pessoal da Igreja pra vir aqui em casa. 

Irmã: Outro momento que eu lembro, foi quando ele foi instituído como Ministro da Eucaristia e da Palavra na Catedral. Ele estava muito ansioso e não via a hora de chegar a celebração. Esse dia foi bem marcante pra ele.    

J: Quais eram os sonhos do Maurício? 

Mãe: Eu lembro que, no ano em que ele sofreu o acidente, ele tinha uma agenda e nessa agenda ele anotou os sonhos para aquele ano: uma salário melhor, paz para o mundo, um carro e uma vida mais estável. Ele queria também estudar, casar e ter filhos e ver a sua família toda na Igreja, pois o pai só ia em data especiais (risos) 

J: Como vocês viam a ausência do Maurício em casa devido aos trabalhos na Igreja? 

Pai: Era mais fácil encontrar o Maurício na Igreja do que em casa (risos) 

Mãe: Eu não pegava no pé dele por causa disso, muito pelo contrário, eu agradecia à Deus por ter colocado ele no caminho da Igreja e tirado do caminho do mundo, que naquela época ele estava começando a se interessar por algumas coisas não muito legais, bebidas, baladas e etc. 

Pai: Antes de entrar na Igreja, ele começou a ir na baladas com uns amigos ai, mas eu percebia que o pessoal chamava ele para ir, pois ele tinha carro e falava pra ele: "Se você não tivesse carro, ninguém viria te chamar pra sair". E uma vez ele acabou batendo o carro junto com esse pessoal e o carro ficou 45 dias no concerto e nesse tempo ninguém veio chamar ele pra sair pra balada.        

Mãe: Tinham os retiros que ele participava e as vezes ficava uns 3 dias fora de casa. 

Pai: Ele também costumava ir bastante pra Canção Nova acampar. 





J: Qual a imagem que o Maurício deixou para as outras pessoas? 

Pai: Eu acredito que ele tenha deixado uma boa imagem para as pessoas, porque até pessoas que não o conheceram, costumam falar que gostariam de tê-lo conhecido, de tanto que outras pessoas falam sobre ele. Deixou uma boa imagem para todos. 

Mãe: Ele se esforçou muito para ser uma boa pessoa, principalmente no grupo de jovens. Deixou uma imagem de uma pessoa esforçada, uma pessoa carinhosa e boa. 

J: Como foi a época em que o Maurício ficou internado, pós acidente? 

Mãe: Foi uma época muito difícil! Ao mesmo tempo em que ele falava que queria sair de lá, ele também dizia que daria muito trabalho pra gente. Eu acho que no fundo, no fundo, ele não desejava voltar pra casa na situação que ele ficou. É claro que na dificuldade tivemos os momentos de alegria também. O sorriso dele era muito falado. Aquele sorriso grande! As meninas diziam que, aquele sorriso conquistava todo mundo, mesmo ele deitado. Tinha uma menina (enfermeira) que perguntava pra ele, porque os dentes dela não eram iguais aos dele, e ele dizia, "Ah, não sei!" (risos). Ele entrou novamente na realidade depois de 7 meses internado e me perguntou que dia e horas eram e eu falei, ele ficou sem entender e me perguntou porque tanto tempo, pois ele pensava que tinha acabado de sair da sala de cirurgia. Depois de 7 meses, ele conseguia falar, mas o som não saia e nós tentávamos ler os lábios dele ou formávamos a palavra que ele queria falar, através do alfabeto. 
Outro momento difícil foi quando o médico falou que ele não enxergaria mais. Ele se imaginava recebendo uma visita em casa e não percebendo nem ao menos o lado que ela estava, a roupa que ele estava vestindo. Se preocupava em não dar trabalho para a família. 

J: E o sentimento hoje, como é? 

Mãe: Na época eu tive que sobreviver, mas fiquei 6 anos tomando remédio contra depressão, mas hoje eu já sei interpretar melhor o que aconteceu. Sei que todos nascem e um dia morrerão, tendo o seu tempo e a sua hora certa, mas antes foi bem difícil compreender isso. Saudade eu tenho! Quando eu faço alguma coisa que ele gostava, eu costumo lembrar dele. Pra falar a verdade, todo o dia eu lembro, mas são boas lembranças. De vez em quando eu me cobro, dizendo que poderia ter corrido mais na época em que ele estava no hospital, mas logo passa e percebo que Deus sabia do melhor pra ele.

J: Uma coletânea das pessoas que viveram momentos especiais com o Maurício. Falem aê galera: 






   


                                 



Edição, Redação, Fotos e Idealização: Ministério Jorres de Comunicação
Deus abençoe todos os nossos leitores ; D

Um comentário:

  1. O Grupo de Oração caminhando para Cristo, também foi uma das coisas que o Mauricio ajudou a erguer dentro de nossa Comunidade. E foi lá, que ele e a Juliana, me incentivaram para conhecer cada vez mais o Caminho que Salva.
    Temos exemplos de sobre neste homem, que a santidade é factível a qualquer humano, desde que este sonhe com ela.

    Saudades imensas, ore por nós, querido amigo!

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